Levar na esportiva

por Perilo Borba

“(o amor) não é irritadiço e nem melindroso” (I Coríntios 13.5 – Bíblia Viva)

Esta tradução acima me chamou a atenção. Há algum tempo tenho visto o tanto de desastres que a mágoa pode fazer na vida de algumas pessoas. O escritor aos Hebreus registrou que a raiz de amargura lhe perturba e ainda lhe faz ser um agente contaminador (Hb. 12.15).

Quantas pessoas não estão perturbadas, doentes, intrigadas, mal-humoradas, iradas e tristes por algo que fizeram contra elas? Ou talvez por algo que elas somente imaginam que foi feito contra elas? Seus pensamentos e as suas palavras são recheados de ressentimentos. Estão sentindo novamente o que já sentiram no momento em que foram decepcionados.

Salomão, cheio da sabedoria de Deus, falou que “sobre tudo o que se deve guardar, devemos guardar o nosso coração porque dele procedem as fontes de vida” (Pv. 4.23). Não deixe nenhuma raiz de mágoa brotar no seu coração, pois se isto acontecer as fontes ficarão impedidas de jorrar vida.

Por isso, precisamos viver o amor de Deus. O “ágape” (palavra grega traduzida por amor, que define quem Deus é e como Ele ama), é diferente do amor humano ou natural. Jesus disse que amar quem nos faz o bem qualquer ser humano pode fazer. Porém, amar quem nos persegue e abençoar nossos inimigos somente com o amor de Deus.

A notícia boa é que quando aceitamos Jesus cristo e nascemos de novo, este amor é derramado em nosso coração (Romanos 5.5). Poder amar é uma grande prova de que passamos da morte (separação de Deus) para a vida (I João 3.14).

Este amor nos leva a não ser irritadiço nem melindroso. Ou seja, não “pegaremos ar” ou nos irritaremos com rapidez e nem seremos aquelas pessoas “não me toque”, com quem os outros devem tratar como se estivessem “pisando em ovos”, por sermos “sensíveis” demais.

Isto me faz concluir que a semente do amor de Deus uma vez que seja regada pelo conhecimento e prática da Sua Palavra, será frutificado em nossa vida nos fazendo levar muita coisa na esportiva, ou seja, não se ressentir, não considerar ou se importar com o que foi feito ou falado contra você.

Você pratica esporte para desopilar, se divertir e manter a saúde, não é verdade? Pelo menos deveria ser assim.

“Levar na esportiva” é não levar a sério e nem trazer para o lado pessoal, ou seja, quando os outros fizerem algo que nos desagrade, vamos preferir acreditar que não fizeram por nossa causa e nem para nos prejudicar. Pensaremos o melhor das pessoas, por mais difícil que seja, mas em vez de fecharmos a cara e deixar descair o nosso semblante, vamos dar risada e nos esforçar para manter a paz.

Pesquisando sobre a origem esta expressão, encontrei a origem da palavra “esporte”. Segundo o escritor e etmólogo Deonísio da Silva esta palavra em português veio do inglês “sport”, que por sua vez trouxera do francês “disport”, variante de “disporter”, que significa: renunciar, saber lidar bem com as coisas ruins ou difíceis. A raiz remota, porém, é do latim deportare, deportar, exilar ou degredar (banir ou tornar desprezível).

O amor sempre nos levará a renunciar, a ceder, a banir dos nossos pensamentos o que foi feito contra nós. O amor torna desprezível qualquer afronta que recebemos. Amar, no momento, pode aparentar que estamos perdendo, mas não nos esqueçamos de que o amor sempre nos levará à vitória. Afinal, não se vence o mal revidando com outro mal, mas sim com o bem (Rm. 12.21). Então, nunca valerá a pena perder a esportiva.