Verbo FM

Raffael Reis (Campina Grande-PB)

Tenho 28 anos. Nasci em Recife. A minha cidade é muita animada e agitada. Eu acredito que  seja uma das capitais mais promissoras no Brasil. Por um tempo, trabalhei na área de tecnologia e posso dizer que Recife está em constante crescimento, é uma cidade com potencial para muitas coisas boas, mas, embora eu tenha nascido lá, não faço parte da cidade, porque meu estilo de vida é totalmente contrário a essa “pegada” do Recife. Estar aqui em Campina Grande é uma benção, porque eu amo a calmaria, a quietude desse lugar. Gosto desse costume de ir para a cama cedo. Quando morava lá, eu ia ao shopping, cinema com os amigos, além de alguns restaurantes. Gosto de futebol também, não sei jogar (risos), mas gosto do ambiente de comunhão.

A minha família é a minha base literalmente e falo isso porque foi em casa que meus projetos nasceram e foram patrocinados com oração, palavras e recursos. Desde a minha infância, meus pais sempre quiseram o melhor para mim. Principalmente a minha mãe que veio de um berço de muitos irmãos. Então, ela concentrou em um único filho tudo o que ela não teve. Eu nasci e cresci em meio a família além dos meus pais, as minhas avós Lourdes e Sebastiana, e algumas secretárias. Mas, meus pais sempre foram presentes, eles focavam em investir na minha vida. A minha mãe trabalhava e a maior parte do seu salário era investido em meus estudos e capacitação. Ela pagou boa parte da minha faculdade e o curso de idiomas. Minha mãe trabalhava nessa área de tecnologia e via pessoas jovens bem estruturadas, ela queria isso para o seu filho. Até hoje é assim, tudo o que o Senhor fala comigo eu compartilho com eles.  Eles sempre celebram e são os primeiros a pegar junto.

Acredito que aqueles que não tem uma família bem estruturada tem uma vida cheia de muitos reparos e até sofrimento. Graças a Deus, hoje eu sou o que sou pela família que eu tenho. Quando era muito novo, eles receberam a Jesus. Graças a Deus! Fui criado no caminho do Senhor, nos princípios da Palavra.

Meu pai, José, é uma referência muito próxima de caráter, de alguém que acredita no potencial das pessoas. Um homem generoso ao extremo. Ele me deixa sem palavras na questão de ser doador, ele procura necessidades para atender. Por exemplo, no final do ano, ele sai com queijo do reino para dar as famílias (risos).

Minha mãe, Vânia Reis, é o coração lá de casa. O que mais me comove na minha mãe é o amor que ela tem por pessoas. A vida dela foi tão sofrida em muitos aspectos, mas ela sempre busca proporcionar o melhor pelos outros, principalmente, confortando com palavras e orações.

Os meus pais são diretores no Centro de Cura na Zona Norte do Recife e, essa é uma característica muito forte do ministério deles. Essa questão de levantar, consolar, e muitas pessoas estão sendo alcançadas por isso. Misericórdia e compaixão são frutos do ministério deles e aprendo muito com eles nessas áreas. Olhar para meus pais me faz pensar que sempre posso melhorar. De fato, eles são cartas vivas para mim.

Sou filho único por parte de mãe, mas tenho uma irmã mais velha, Ana Claudia e, um irmão, o Diogo, por parte de pai. Eles são próximos, vão lá em casa, tratam a minha mãe como uma tia. Temos um carinho familiar que nunca deixou de existir. Fui criado nessa atmosfera. Meus pais já são casados há uns 30 anos.

Acho que o maior desafio do filho único é o compartilhar, porque você tem tudo ali para você e quando passa a ter outras pessoas para compartilhar, às vezes, as coisas parecem ser tão “preciosas” que não podem ser divididas. Mas, essa é uma jornada para mim. Por isso, gosto dessa coisa da generosidade, porque me desafia a crescer nisso, sabemos que o melhor caminho para se andar é o equilíbrio e quero andar nesse caminho. Eles sempre me deram o melhor, mas também tenho que compartilhar esse melhor com os outros. Quando penso em casar, vejo que quero ter mais de um filho. Queria ter um casal, mas quero mesmo dois filhos.

Ainda bem jovem, com uns 12 anos, ingressei no contexto ministerial e não sabia onde isso pararia. Mas, sentia em meu coração que “cairia de cabeça” nisso. Já nessa idade, comecei a entrar em grupo de música, envolvido com muita gente e isso me ajudou muito. Não tive que esperar uma vida inteira para vivenciar essas experiências, hoje aos 28 anos, é mais fácil, eu consigo exercitar minha generosidade, com a direção do Senhor, porque isso foi quebrado lá atrás. Não deixa de ser um desafio porque quero crescer nisso mais e mais. Quero ser mais generoso, abençoar mais vidas e, graças a Deus, estou caminhando.

Amo ouvir música. Minha principal influência hoje é o Bethel Worship. Adoração profética tem me atraído e isso tem feito parte do meu dia a dia. Eddie James também, por exemplo, é um adorador que flui na unção profética; Jason Upton, Jesus Culture, como a Kim Walker. Escuto pouca música em português, acho que 99% do que ouço é de fora do Brasil, mas aqui tenho referências como André Valadão que para mim foi uma inspiração por muito tempo, Tive uma experiência marcante em 2008, num evento que ele ministrou. Quando ele entrou, um manto caiu sobre mim.

Na mesma hora, eu cai na cadeira e chorei o evento inteiro. Daquele dia em diante, não fui mais o mesmo. A unção profética repousou e ativou coisas em mim que nem eu sabia que tinha. Então, ele foi como um pequeno barco que tira o navio do porto e o leva à alto mar, essa é a impressão que tenho.

Tive a rica oportunidade de trabalhar com ele na Reino, onde fui à Belo Horizonte e lá nos conhecemos, ministramos juntos, recebi conselhos preciosos da parte dele. Foi um sonho que o Senhor realizou com propósito. Hoje, já navego por mim mesmo, mas ele me ajudou muito, até que chegou o momento em que o Senhor me disse: “Agora, você vai desenvolver a sua identidade”. Aí fui me descobrindo e tem sido assim, uma jornada de descobertas. Estou me encontrando no Senhor!

Reservo-me a escutar poucas pessoas, por conta do estilo de vida. Eu acredito que esses ministérios proféticos têm uma renúncia diferenciada em muitos aspectos. Para a minha vida, quero primar por influências puras. Não escuto uma pessoa só pelo calor do momento, porque está no “top 10” ou “na boca do povo”. Procuro me identificar no espírito. Se o que escuto me deixa mais suscetível a oração, a estar mais perto de Deus, então, é isso que alimento. Estou saturado do “mercado gospel” e creio que estamos vivendo uma estação na Igreja, na qual os altares de adoração precisam ser restaurados e nós que temos essa missão com a música têm um peso muito forte, a influência que recebemos determinará o que vamos produzir.

Na minha vida, a música foi o norte. Foi a primeira coisa que bateu, ficou e nunca mais saiu.  Desde que eu vi um violão na minha frente pela primeira vez (ainda com 11 anos de idade), falei: “Eu preciso ter um violão”. Eu não tinha noção do que era um violão e aprendi a tocar sozinho. Peguei revistas, comecei a estudar, uma semana depois já tocava algumas coisas. Tocava em todo lugar, no ônibus, no banheiro (ia lá só pra tocar, por causa da acústica), onde tocava por um bom tempo. Tocava na praça, na escola, me chamavam de viciado, mas isso ardia em meu coração.

No meu aniversário de 12 anos, pedi um violão de presente só que na época, meus pais não podiam e comecei a juntar as minhas economias. Lembro que eu tinha um vídeo game, Super Nintendo, com oito cartuchos, fui lá no Recife Antigo, vendi, juntei o dinheiro que tinha e comprei um violão. Até hoje tenho esse violão. Guardei porque é uma peça que quero levar na minha caminhada, para sempre lembrar onde comecei, ele está arranhado, desgastado, mas foi ali que tudo começou. A porta de entrada para o que eu vivo hoje. A música não sai de mim, ela é aquele ingrediente que está sempre na receita.

Eu consigo compor quando estou animado, alegre, mas acho que as minhas principais canções nasceram em momentos difíceis. Acho que quando passamos pelo Getsêmani, ele extrai algo precioso da gente… O meu CD “Eu confio em ti” foi fruto de um desafio. Porque o Senhor tinha me dado uma direção que pensei que nunca aconteceria na minha vida, que era sair de um grupo que estava há muitos anos, desenvolvendo um trabalho, envolvido com pessoas, foi lá que me descobri, cresci, amadureci muitas coisas, então, sair daquele conforto foi muito difícil. 

Nesta época, eu estudava Ciências da Computação e o Senhor tratou comigo que era para sair do curso e me dedicar ao ministério, por isso, não conclui a faculdade. Lembro que no sexto período comecei a estudar no Rhema, mas continuei na faculdade, pois meus pais queriam que eu concluísse, porém estudar a Palavra ardia dentro de mim e fui fazer as duas coisas, mas acabei não concluindo a faculdade. A informática entrou na minha vida não porque eu quis, não tinha prazer ali, estudava, mas meu coração não estava ali. Era um martírio pra mim. Quando o Senhor me chamou, fiquei muito alegre e aliviado, não aguentava mais carregar esse fardo.

Até então, era guitarrista, mas após este momento, começaram a nascer canções. Interessante, porque eu não era bom em redação, era péssimo na escola. As regras gramaticais não entravam na minha cabeça, mas, de repente, algo aconteceu em mim e passei a escrever bem; comparado a quem eu era, posso dizer que escrevo bem, sei de onde saí (risos), a situação era crítica. Minha melhor nota no vestibular foi em redação. E dentro disso começaram a nascer as músicas.

Geralmente, as minhas músicas nascem espontaneamente, salmodiando, meditando na Palavra e, quando percebo algo fluindo,  já gravo no celular depois passo para o papel e alinho.

Como muitos sabem, eu só tocava, mas em 2012, quando saí do ninho, as coisas começaram a desvendar. Nesse período ministrei em uma conferencia de ministros e, em um determinado momento começamos a fluir no instrumental e na ocasião, Mama Jan iria ministrar, mas ela respeitou aquele momento, esperou, e ali os instrumentos começaram a ministrar às pessoas. Foi muito especial essa experiência. As pessoas vibravam e aquilo era muito novo para mim, era uma mensagem em forma de melodia e, o Senhor me falou que a minha voz precisava ser ouvida e não apenas a minha música tocada.

Eu sempre me vi como um guitarrista, eu não cantava, apenas com poucos amigos, esporadicamente. Não entendia aonde isso chegaria, mas obedeci. Isso me fez me aproximar mais de Deus, fui para a casa do oleiro, fui moído, pois eu me via como um guitarrista, bem sucedido, tocando bem, rodando o mundo, anunciando a Cristo, mas estava cheio de conceitos naturais, não tinha o peso de ministério em minha vida, as minhas influências eram do mundo, logo, as minhas assimilações também. Mas, ao me aproximar de Deus, entendi que a minha voz precisava ser ouvida. A primeira canção, “No Controle”, nasceu baseada em Mateus 6.25-33. Ela nasceu em uma situação que eu não sabia o que fazer. Eu tinha obedecido, saí de tudo, deixei tudo para trás.  

No meu quarto tinha aqueles espaços de ar condicionados, tipo caixa, foi fechado, colocado sprinter e os passarinhos foram morar ali naquela caixa. Em um determinado dia, abri a janela e eles estavam lá cantando e o Senhor falou comigo: “Olha os pássaros” e essa passagem de Mateus explodiu na minha frente. E, de repente, veio ao meu coração:

Pra que me preocupar, se no controle tu estás? Olhe as aves do céu, elas não plantam, Não colhem nem ajuntam em celeiros, Contudo, o Senhor as alimenta”.

Nascia ali a primeira música. Só que eu não sabia que isso viraria um trabalho. Para mim eram músicas que estavam nascendo pela situação, pensava que era a inspiração pelo momento, tinha tantos amigos, tanta gente por perto e, de repente, tudo mudou… Agora, só tinha Deus… Mas com Ele, descobri que tinha tudo!

 

Existem algumas características em uma mulher que me chama a atenção, mas a humildade é uma das mais importantes. Isso é algo primordial para mim, porque uma pessoa humilde, será assim com o Senhor, com as pessoas, ela será assim com todas as áreas da sua vida. E, por consequência, será graciosa. Deus concede graça ao humilde. E isso aformoseia uma mulher para mim.

Para os homens, a humildade também, mas diria também sensibilidade, há muitos conceitos que foram agregados aos gêneros, mas não foi por Deus. Pelo sistema, pelos filósofos e pensadores, mas o homem pode ser tão sensível quanto a mulher, não me refiro a área sentimental apenas, mas em todo o contexto. Em percepção, estar interessado em coisas. Não acho que todo homem é relaxado e desinteressado, esses rótulos não foram colocados por Deus. Não pode faltar em nós sensibilidade.

Estou buscando ser simples em todos os aspectos. Jesus é meu exemplo de simplicidade e humildade e, é assim que quero ser, como Jesus. Sou uma pessoa que está nessa jornada. Quero ser a melhor pessoa que posso ser, atingir meu potencial máximo. Quero melhorar sempre.

Tenho um defeito, o excesso de confiança me fez deixar algumas coisas para fazer em cima da hora, porque eu achava que era capaz de fazer aquilo, de desenrolar, isso não é bom. Viver no limite é perigoso. É aquela hora que a faca já está no pescoço, estou mudando esse mal hábito. Não quero ter o perfil de ser procrastinador. Essa é uma área que estou trabalhando na minha vida, porque confiança é importante, mas o excesso dela é perigoso. Assim como o excesso de ciúmes e tantas outras coisas.

Então, hoje, procuro sempre fazer as coisas com antecedência. Quando chego de viagem, já desfaço as malas, guardo os equipamentos. Quando uso a cozinha, já lavo os pratos, deixo tudo limpo. Nas mínimas coisas, não deixo pra mais tarde. Depois que conheci o Espírito de Excelência, não quero ter outro estilo de vida.

Uma virtude minha é que eu sei ouvir as pessoas, sou paciente, aprendi que quando ouvir alguém e prestar atenção ao que ela diz também é uma boa forma de honrar, não apenas com oração e finanças.

Minha maior inspiração é o Espírito Santo. Porque foi Ele quem se revelou para mim como meu melhor amigo. O conheci como o lugar seguro. Em meio as frustrações, quando olhei e vi eu só tenho Ele, isso foi marcante. Uma das minhas metas é ser mais inspirado por Ele, quero entender melhor sobre Ele, não pra alimentar a vaidade, mas porque eu preciso. Eu sei que homens e mulheres que foram chaves na Terra, foram extremamente íntimos do Espírito Santo. Davi é um bom exemplo de um homem que não fazia nada sem a aprovação de Deus. O que me fascina no Velho Testamento é Deus falando sempre, isso me fascina. Quero ter essa participação dEle em falar para mim e quero ouvi-lO.

Outra inspiração é Bill Johnson, ele fala muito em você crescer em comunhão com o Senhor. Esse livro ele fala da comunhão face a face, o estar em comunhão constante com o Senhor.

Sou muito influenciado por Mike Murdock, esse homem extraiu muito da essência da Palavra e, isso me inspira a mergulhar mais profundo. Ele é intenso no que faz, mesmo agora, já idoso, eu o acompanho, ele está sempre com a mesma paixão de buscar o Senhor.

Sou grato a muitas pessoas. Primeiro ao Senhor, porque realmente é Ele quem me trouxe até aqui e quem me levará adiante. Sou grato a pessoas que me ajudaram, mas não dependo do suporte e elogio delas. Mas, foco em Deus. Eu digo isso a Ele todos os dias, Ele é maravilhoso em todos os sentidos. Quero contemplar sempre as maravilhas.

Sou grato ao pastor Bud e Jan Wright, embora que eu não andei lado a lado com eles, mas a vida deles me norteou como pessoa e ministro, palavras deles hoje faz parte da minha vida, a firmeza dele, não negociava valores. Eu peguei essa firmeza para a minha vida. Pessoas me dizem: “Cara, tu está morando só né” eu digo: “ Eu nunca estou só.” Bud e Jan são minhas referências de quem não negociou caráter e de pessoas que obedeceram ao Senhor e não  negociaram a visão.

Eu sei porque estou nesse ministério, essa bagagem que está sendo adquirida vai me ajudar lá na frente, tenho líderes que são usados por Deus, mas não usam a Deus e, isso vem da fonte do começo do pastor Bud e hoje, Guto segue com essa visão. Quero permanecer nessa associação, mesmo não estando tão perto, eu pego da vida dele. Quero pegar das simples coisas… congregar na sede, estar perto do pastor João Roberto, das pessoas aqui, está sendo muito bom, aqui tem sido uma base. Estar aqui é muito importante, respirar o ar desse ambiente. Quero estar no lugar certo, fazendo a coisa certa.

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