“Quando fiz o apelo ali no presídio, essa pessoa aceitou Jesus. Eu lembro que cheguei para ela e fui envolvida em um amor tão grande que o meu peito ardia por dentro e eu fiquei abraçando-a. Era um ardor por dentro, um amor, uma paixão que eu estava tendo por aquela pessoa. Depois desse abraço, me perguntaram se eu sabia quem era a mulher que eu abracei. Aí disseram que era uma autora de um dos maiores crimes bárbaros que tinha acontecido no Distrito Federal”.
Esse foi apenas um dos relatos contados para o Portal Verbo da Vida pela ministra Adelai Quefar, professora do Rhema e líder, junto ao seu esposo Pr. Roberto Miranda, do Ponto de Pregação em Novo Gama (GO), cidade vizinha a Brasília. Ela testemunhou ainda, durante o JPN Outside 2022, outras experiências que teve com as comunidades que presta assistência através dos 22 projetos que coordena na região, um povo excluído e marginalizado pela sociedade em geral.
A ministra também é fundadora da Associação Edificar, que é responsável pelo desenvolvimento dos projetos sociais na região. O público-alvo das iniciativas de Adelai, sem dúvida nenhuma, são as crianças. As ações que realiza geralmente chegam a alcançar mais de mil pequeninos, como é o caso do projeto Cartas para o Papai do Céu, que é um evento realizado ao final de cada ano, com distribuição de muitos presentes e os minicursos bíblicos baseados nos livros do personagem Guerreirinho, do autor Godofredo Couto.
UMA FAMÍLIA SENSÍVEL A AJUDAR O PRÓXIMO
Adelai contou que é nordestina, da Paraíba, e que tinha uma família muito humilde. Mas seus pais a ensinaram o caminho em que devia andar desde cedo.
Quando a família foi embora da Paraíba para Brasília, na época da construção da cidade, eles, mesmo sem muitas condições, viviam para ajudar os outros, recebiam famílias inteiras, em uma casa que já moravam nove pessoas. Ela lembrou que seus pais faziam também sopa para dar à comunidade. E seu pai levava tudo de ônibus.
“Eu fui crescendo nesse ambiente de amor, de compartilhar aquilo que a gente poderia dar. “
Ela falou também que, quando tinha sete anos, uma professora perguntou aos alunos o que eles queriam ser quando crescer e ela respondeu que queria ser missionária. Adelai acrescentou: “Foi dessa inclinação familiar que surgiu o primeiro projeto. Sempre gostei de dar aula para as crianças na escola bíblica. E foi com as crianças que ela começou a se envolver. Fez diversos cursos e se entregou totalmente a ensinar os pequenos sobre a Palavra de Deus”.
Já casada e com dois filhos, a ministra sentiu que deveria entregar o “seu Isaque”, como falavam na época. E ela renunciou e entregou a empresa que tinha e passou a se dedicar totalmente ao Reino de Deus, em um projeto, promovido por uma emissora de TV, com contação de histórias em uma escola de jardim de infância. Como ela amava fazer isso, logo se destacou. A partir dessa iniciativa, há 16 anos, ela criou o seu primeiro projeto chamado Edificando Valores, com ensino da Palavra através de contação de histórias para crianças. “Eu amo fazer isso”, festejou.
PROJETOS INSPIRADOS POR DEUS
Hoje, Adelai administra 22 projetos, mesmo não sendo formada em administração ou gestão de empresas. “Eu lembro que um dia o Espírito Santo trouxe ao meu coração tudo o que eu deveria fazer e como deveria fazer. Muitos têm medo de fazer o que Deus designou, porque olham para a própria capacidade. Mas eu via a necessidade e a compaixão que tinha no meu coração e confiei no Senhor. E Ele me ensinou a montar um organograma e a gerir pessoas”, completou.
Aí foram surgindo os demais projetos, como o Mamãe Bebê, com entrega de alimentos para as novas mães, e outros projetos como a entrega de sopa para a comunidade, entrega de cestas básicas, e o projeto nos presídios, onde o Senhor faz pescas fantásticas. Tem também o projeto Edificando com Amor, para crianças que foram abusadas, e o projeto com transexuais, com pessoas com vulnerabilidade emocional. Além desses, há os projetos realizados pelos demais pontos de apoio (congregações), como o da Rua da Salvação, com prostitutas, e o da comunidade do “Quênia”, que se alimenta literalmente de lixo. “Teve um relato de uma mãe que pegou um frango já podre, cozinhou e comeu com a família no Natal. E eu falei para o Senhor: ‘Onde está a Igreja?'”, contou a ministra. Para o JPN 2022, Adelai conseguiu levar 18 jovens dessa comunidade, que, pela primeira vez na vida, viajaram de avião, conheceram o mar e se hospedaram em um hotel.
“O amor não pode ser por um momento. Já estamos no Quênia há cinco anos e, nesse tempo, vimos famílias sendo restauradas, não só na sua integridade, mas na vida como um todo”.
Voltando ao testemunho do início do texto, Deus confrontou Adelai após sua reação ao saber quem era a mulher que ela abraçou com tanto amor.
Ela lembrou que ficou muito indignada na época desse crime: “Quando a agente me falou quem era aquela moça, a minha vontade era de tomar meu abraço de volta. Eu pensei em frações de segundos: você está aí porque você fez isso e tem que ficar mesmo!”.
Foi quando o Senhor falou com ela: “Quem é você, Adelai? Se Eu a justifiquei, por que você agora quer condená-la de novo?”. “Então eu pedi perdão ao Senhor e, na semana seguinte, lá vinha a moça com um rosto totalmente diferente perguntando se poderia me abraçar novamente”. Ela agradeceu e disse que há dez anos não sabia o que era dormir e já tinha tentado suicídio diversas vezes. “Aquilo foi muito marcante para mim, um confronto. Eu me vi na posição de muitas pessoas na sociedade, até mesmo de cristãos. Foi a experiência que mudou drasticamente a minha entrega a essa causa”, explicou Adelai.
Quanto ao olhar com amor e ter compaixão pelos excluídos, Adelai deixou um recado para os cristãos de hoje: “Devemos entender que vale a pena olhar para essas vidas como Jesus olharia e não com um olhar discriminatório. As pessoas desistem muito fácil. Mas se Deus é tolerante e paciente, temos que ser também”.
“A maior dificuldade não é tirar uma pessoa do lixo ou do pecado que a escraviza. A maior dificuldade é tirar o lixo de dentro dela.”
UM PROJETO VITORIOSO COM O GUERREIRINHO
Adelai fala que sempre vai ser parceira da Igreja Verbo da Vida, onde fez o Rhema e hoje é professora da matéria Evangelismo. E foi na Conferência de Ministros Centro-Oeste de 2021 que ela conheceu o primeiro livro do personagem Guerreirinho, uma parceria da Editora Rhema Brasil e o escritor e ilustrador Godofredo Couto. “Que maravilha! Quando eu vi, falei que precisava desse livro. Eu peguei um e mostrei para as meninas do Departamento Infantil e nos pontos de apoio falando da riqueza desse livro. Aí planejamos o que iríamos fazer com o material. Eu falei: ‘Meu Deus, é um curso’. E, assim, surgiu o curso do Guerreirinho”, contou.
Quando ela teve acesso ao segundo livro Guerreirinho e a Árvore dos Bons Frutos, decidiram que seria o primeiro a utilizar, pois ele focava no íntimo das crianças. Então, eles começam trabalhando o caráter deles. Nas aulas, fazem as lições e as atividades logo em seguida. Adelai contou que as crianças acompanham com o próprio livro que, no final, é dado para eles no dia da formatura. Para as crianças mais carentes, eles fazem uma campanha para que os membros da igreja adotem uma criança. “Temos essa parceria com os irmãos. Tem alguns que chegam e dizem que querem adotar doze crianças do Quênia. Aí compram e abençoam com doze livros”, comemorou a ministra.
Segundo Adelai, as aulas com cada livro duram três meses e são realizadas em todos os pontos de apoio e na igreja sede. Os pais dos participantes são convidados para o dia da formatura, onde as crianças recebem um kit de lembranças e um certificado. Mas aqueles que faltaram mais de três aulinhas não recebem o diploma. Isso tem sido um estímulo para eles estarem presentes na Escola Bíblica e os pais também, pois precisam levar seus filhos.
Adelai contou, com muita alegria, dos benefícios rápidos que os livros do Guerreirinho estão proporcionando na vida das crianças: “A resposta dos pais tem sido de muita gratidão. Enquanto as crianças estão sendo ministradas lá na salinha, eles estão no templo ouvindo a Palavra. E são muitos relatos de pais que contam que tiveram que estudar suas Bíblias porque os meninos começaram a perguntar demais em casa, coisas que eles não sabiam. Outros falam que as crianças começaram a cobrar o comportamento dos pais para ficar de acordo com o que aprendiam. Isso aconteceu quando elas começaram a se expor ao fruto do espírito que o livro ensina”.
A ministra disse que aconselha que todas as igrejas olhem para esse material não apenas como um livro lançado pela Editora Rhema, mas vejam nele uma ferramenta evangelística, edificadora e transformadora. “Esse material aqui tem transformado a vida das crianças. Se cada igreja buscar uma ideia e inspiração do Espírito Santo para usar esses livros, vai ser uma bênção para as crianças e suas famílias. Se os pais não podem comprar, façam uma cantina, uma campanha de adoção de uma criança para trazer motivação para a igreja”, orientou a ministra.
Ela disse que muitas pessoas a procuram para saber como montar um projeto social. Ela explica logo que precisam equilibrar a Palavra com as boas obras. E falou mais: “Não é só dar o alimento. O Evangelho tem que ir primeiro. Eu vejo as crianças sendo alimentadas, mas elas recebem primeiro a Palavra. O Senhor usou a vida do Godofredo nessa literatura de uma forma extraordinária para que as crianças recebam excelência de Deus no lugar das instruções terríveis, demoníacas. Estamos seguros porque Deus cuida e nos dá esse material de excelência. Isso é motivo de grande alegria”.
Adelai disse ainda que já estão concluindo as turmas do cursinho com o segundo livro Guerreirinho e os Tesouros do Rei e ficou muito feliz com o lançamento do terceiro, Guerreirinho e o Time Vencedor. E ela já aproveitou e comentou: “Nós somos um time, um time vencedor. Eu achei o máximo esse livro”, festejou.
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